Política

Desde a redemocratização do país, três coincidências são certas quando são contabilizados os votos das eleições presidenciais: o vencedor do pleito sempre ganhou em Minas Gerais, em Alagoas e no Amazonas com uma porcentagem muito semelhante à do restante do país, como se esses estados sempre espelhassem o resultado nacional.

Isso pode ser dito por Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro. Ou seja, por governantes de esquerda, de centro, da centro-direita e até da extrema-direita.

Mas em um desses estados, a coincidência dos números salta os olhos, para não dizer que é inacreditável.

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo nesta segunda, 20, se compararmos os votos para presidente em Minas Gerais com os votos para presidente no país, descobrimos que os mineiros são o retrato fiel dos brasileiros que vão às urnas.

Afirmou o matutino:

Para citar alguns exemplos, Dilma foi a preferida de 46,91% dos brasileiros e de 46,98% dos mineiros em 2010, Serra obteve 23,19% no país e 22,86% no estado em 2002, e Geraldo Alckmin, 41,64% e 40,62% em 2006, respectivamente, todos no primeiro turno”

É ou não é um dado impressionante?

Folha explica que o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, com 15,8 milhões de eleitores (ou 10,5% dos votantes no país), resume o país em sua “diversidade, em termos geográficos, demográficos e socioeconômicos”.

Se isso for verdade – e as estatísticas evidenciam que parece ser – Jair Bolsonaro tem um grande problema para resolver: o humor dos mineiros. Virar o jogo em Minas Gerais significaria para o político descobrir o mapa do que deve fazer para conseguir a reeleição – um caminho que seria terrível para o país, como já disse aqui neste espaço reiteradamente.

A coluna estudou todas as últimas pesquisas de intenção de voto para presidente em Minas Gerais: Lula aparece com uma média de 45%, enquanto Bolsonaro aparece com 30%. Ou seja, uma diferença de 15 pontos – de novo, repetindo o que tem ocorrido no Brasil inteiro, até este momento do ano eleitoral.

Como afirmou recentemente à coluna Felipe Nunes, cientista político da UFMG e Diretor da Quaest, “tanto no Rio quanto em Minas, Bolsonaro encontra um campo interessante para tentar persuadir os seus antigos eleitores de 2018”. Nunes falava dos acordos estaduais, que podem vir a beneficiar o atual presidente. Até agora, isso não se concretizou.

Como o período eleitoral ainda não começou, é importante ter a certeza que o jogo ainda está aberto. Mas os mineiros comprovam ao atual presidente que está cada vez mais difícil ele tornar real uma virada bolsonarista contra um candidato forte como Lula. Até aqui, vai perdendo de goleada…

Texto: Matheus Leitão/Veja

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