Brasil

Embarcação com nove tripulantes seguia do Recife para Fernando de Noronha com materiais de construção e alimentos.

Alívio é a palavra que define os sentimentos de um dos quatro sobreviventes do naufrágio do navio de carga Concórdia, que afundou a cerca de 15 quilômetros do litoral de Pernambuco, na altura da Ilha de Itamaracá. Mozart Gomes da Fonseca, de 57 anos, contou à TV Globo que o navio perdeu o leme, o que provocou desespero entre os tripulantes.

O Concórdia levava 180 toneladas de materiais de construção e alimentos para o arquipélago de Fernando de Noronha, quando naufragou na noite de domingo (15).

Segundo a Marinha, eram nove tripulantes no navio no momento do naufrágio. Quatro foram resgatados com vida, quatro corpos foram encontrados na segunda-feira (16) e um tripulante segue desaparecido até a última atualização dessa reportagem.

Tudo aconteceu muito rápido, o barco perdeu estabilidade, já estava com uma banda e a gente não iria conseguir chegar até um porto seguro. [...] O tempo não ajudou, é mar, o nosso habitat natural é aqui em terra e ficamos sem governo. É como um carro que tem motor, mas não tem volante para dar o destino", disse Mozart.

De acordo com ele, na metade da viagem, por volta das 16h do domingo (15), o barco começou a perder o controle na altura da Reserva de Acaú, em Goiana, no Litoral Norte.

Mozart, que navega há mais de 20 anos, acredita que as sacolas de areia que estavam no convés molharam e, por terem ficado mais pesadas, ajudaram na virada da embarcação.

O barco já estava muito 'alternado' por conta da carga, que pegou muita água, vento forte. A gente estava com carga seca no convés, era areia, e quando a agua bate, triplica. Quando a gente conseguiu adaptar uma baitera, ainda arengamos, passamos com um rebocador de apoio, mas o barco continuou alternando, até que chegou o momento em que todo mundo pegou o equipamento de salvatagem", contou.

Ao cair na água, Mozart machucou a bacia e a coluna e teve que enfrentar fortes ondas. Era por volta das 20h do domingo (15) quando o naufrágio aconteceu. O navegante relatou que, nos minutos de desespero, ele abriu mão do próprio equipamento para dar ao outro colega.

Eu já estava agarrado na escada de quebra-peito e disse 'segura aqui essa boia circular'. No último gás, eu consegui chegar até a metade", afirmou.

Mozart também reforçou os agradecimentos à equipe do navio de reboque, que tentou ajudar quando viu que o barco estava adernando.

Eu estou aqui hoje contando a história porque ele não desistiu da gente em momento algum; eles conseguiram colocar um farol de busca e vieram em cima", disse.

Sobre o comandante do navio Concórdia, Edriano, que ainda não sabe se é a pessoa desaparecida, ou se é uma das quatro vítimas que foram resgatadas e cujos corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML), no Recife, o marinheiro falou:

Trabalhamos juntos por mais de 22 anos e é uma pessoa [o comandante] que tem sua experiencia. O que aconteceu, só quem vivenciou sabe", disse Mozart à TV Globo.

TV Globo

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