Izabela Dolabela, influenciadora digital e empresária de São Paulo, visitou várias escolas particulares, antes de decidir onde matricular os filhos Sarah, 6 anos, e David, 5. No entanto, quando resolveu conhecer as escolas públicas do bairro em que mora, na região de Higienópolis, percebeu que era ali que os pequenos seriam matriculados.
Recentemente, ela fez uma publicação nas redes sociais, falando sobre a decisão, e o assunto acabou virando polêmica. Algumas pessoas quiseram saber mais, outras elogiaram a família, mas algumas criticaram, dizendo que ela estaria tirando a oportunidade de crianças que, de fato, precisam. No texto, a mãe disse que foi muito questionada também por familiares e amigos.
Confesso que só fui porque vi uma amiga em um grupo de WhatsApp recomendando — eu também tinha meus preconceitos”, afirma. “Anteriormente, a gente tinha feito algumas visitas em escolas particulares. E, para a nossa surpresa, concluímos que os CEIs do bairro que moramos era tudo o que procurávamos e a infraestrutura das unidades nos encantou”, relatou.
Os diretores, professores e demais funcionários estavam muito alinhadas com o que acreditamos e queremos para os nossos filhos: uma educação plural, inclusiva e lúdica. Também descobrimos que as escolas públicas da Prefeitura de São Paulo quase sempre têm vagas disponíveis — fomos chamados na mesma semana que entramos na fila — e com padrão educacional de alto nível. Fora que, lá, eles recebem alimentação saudável, balanceada e com o aval de nutricionistas qualificados”, acrescenta.
A empresária ainda recomendou que as pessoas também busquem conhecer as escolas públicas de suas regiões e que considerem como uma opção antes de decidir. “Quebrar esse paradigma é um passo muito importante para o fortalecimento da educação pública”, diz ela.
Natural de Belo Horizonte (MG), Izabela contou, em entrevista a CRESCER, que ela e o marido, Thomas, sempre estudaram na rede particular. Eles tinham decidido que Sarah, a filha mais velha, entraria na escola com a idade obrigatória, aos 4 anos. Então, um ano antes, começaram a analisar as opções.
Acredito que não considerávamos a rede pública pelos pré-conceitos que construímos, principalmente porque não conhecíamos nada sobre o assunto: de que não tem vagas suficiente, que a qualidade é baixa, estrutura física deficitária e que eles teriam defasagem de conteúdo em relação à rede particular”, disse ela, em entrevista a CRESCER.
Então, uma amiga de um grupo de mães no WhatsApp, recomendou que quem estivesse buscando escola, considerasse conhecer as unidades da rede pública, elogiando a estrutura, a grade curricular, o horário integral e a alimentação, dizendo que havia vagas disponíveis.
Meu marido ainda foi um pouco mais reticente, mas conversamos e entendemos que tínhamos que conhecer antes de descartar esta opção. Antes de visitar o CEI próximo da nossa casa, cadastramos a Sarah e o David no site da Prefeitura. E, para nossa surpresa, em menos de uma semana recebemos o e-mail informando que a vaga deles tinha saído e que era para fazermos a matrícula”, relata.
Ela conta que ambos ficaram encantados com a escola e com a diretora, coordenadora e com os professores.
Tivemos certeza de que tomamos a melhor decisão para eles”, afirma. “Eu e meu marido sempre acreditamos que, nesta idade, as crianças precisavam de um lugar para brincar, socializar e desenvolver a coordenação motora. Não estudar e ter aulas teóricas. Queríamos algo muito lúdico e com muito espaço para brincar. E tivemos isto no CEI em que os matriculamos”, diz.
Tinha horta, tinha parquinho, tinha muitas brincadeiras lúdicas e teatro. Era o dia inteiro brincando e sendo feliz. Já a EMEI para a qual eles foram direcionados é dentro de um parque. É um oásis no coração do bairro. Eles têm espaço para brincar na terra, grama, areia, tem quadra de futebol, parquinho, e acima de tudo, verde por todo lado. É a escola em que eu queria ter estudado quando era pequena. Eles são muito felizes lá”, avalia.
A parte de alimentação também chamou muito a atenção de Izabela, que é chef de cozinha e sempre se preocupou com a nutrição das crianças.
O cardápio é elaborado por profissionais da área e é rigidamente controlado. Tem café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e até jantar. Tudo muito saudável, saboroso e respeitoso. Familiais veganas ou crianças com intolerâncias tem cardápios específicos, respeitando a individualidade e espaço de cada um”, conta.
Para a mãe, o maior desafio de colocar os filhos na escola pública não tem a ver com a decisão, em si, e sim com o julgamento das pessoas.
Muitos perguntam por que estamos fazendo isso. Também recebemos muitas dúvidas de amigos que se surpreendem com a nossa decisão”, compartilha.
Já o maior benefício, segundo ela, é o ambiente inclusivo e lúdico.
Eles aprendem a entender e a respeitar as diversidades existentes no mundo desde pequenos, sejam raciais, sociais, culturais ou qualquer outra”, afirma.
Porém, no próximo ano, provavelmente, Sarah, que inicia o Ensino Fundamental, deve ir para uma escola particular. O mesmo deve acontecer com David, em 2027, quando ele também for para o primeiro ano. Izabela explica que o principal motivo é que os filhos seriam direcionados para a rede pública estadual, que não segue o mesmo padrão das escolas infantis municipais.
A grade curricular é muito importante para o desenvolvimento das crianças e, na rede pública estadual, com aprovação automática e retirada dos livros impressos, a qualidade do ensino está cada vez mais defasada. Sem dúvidas, se a educação mantivesse a qualidade que existe nos CEIs e EMEIs da prefeitura, manteríamos nossos filhos”, completa.
Crescer