Brasil

Cerca de mil exemplares do cordel sobre o primeiro pontífice latino-americano foram impressos. Na produção, são destacadas a trajetória e as contribuições de Francisco

O poeta cordelista cearense Klévisson Viana fez uma homenagem ao papa Francisco, que morreu na segunda-feira (21) aos 88 anos, e produziu um cordel de despedida para o pontífice. "Adeus ao Papa Francisco" fala sobre a trajetória do Santo Padre e destaca as contribuições do primeiro papa latino-americano.

"Por sua simplicidade/Era um farol da verdade/Que iluminava os lares", diz um trecho.

O multiartista e também Mestre da Cultura do Ceará relata que o pontífice foi um "divisor de águas na história da igreja católica".

O Papa mais humilde que a gente já teve conhecimento, que se misturava com o povo, que estava sempre do lado dos oprimidos, das minorias. O que a gente pode dizer é que ele foi um papa progressista", comentou Viana.

O cordel foi feito no mesmo dia, horas após o anúncio da morte de Jorge Mario Bergoglio, e teve os primeiros mil exemplares impressos nesta terça-feira (22) pela editora Tupynanquim, especializada em quadrinhos, cultura popular e Literatura de Cordel. Klévisson, no entanto, desconfia que vai ter de imprimir mais unidades pela demanda, pois nesta manhã recebeu uma encomenda de 200 cordéis.

Para quem quiser adquirir os folhetos, Viana recebe encomendas via WhatsApp, pelo número (85) 99675-1099, e pelo Instagram, no perfil @tupynanquimcordelbrasil.

Homenagens em cordel

Klévisson é autor de mais de 200 folhetos de cordel de temas variados, além de ter cerca de 50 livros publicados. O cearense natural de Quixeramobim já venceu um Prêmio Jabuti com um livro escrito em cordel.

Ele sempre homenageia personalidades e escreve sobre temas de relevância para o Ceará, Brasil e mundo, como a chacina dos portugueses no Ceará, os 60 anos da ditadura militar, e o atentado às Torres Gêmeas.

Inclusive, não é o primeiro o papa que ganha um cordel do artista cearense, pois ele já escreveu também sobre o papa João Paulo II.

Leia trecho do cordel sobre Papa Francisco:

O poeta cordelista

Possui a finalidade

De narrar fatos históricos,

Expor a realidade.

A cultura é seu emblema,

Ao escrever qualquer tema

Fala com propriedade.

Dos temas que escrevi

Que retenho no sentido

Este, em especial,

Não pode passar batido.

Por isso clamo a Jesus,

Nosso mestre, nossa luz,

Que me mantenha instruído.

Nesses versos nordestinos

Pretendo homenagear

A Jorge Mario Bergoglio,

Nosso pastor singular,

Querido Papa Francisco

Que lutou correndo risco

No seu papado exemplar.

Foi ele, pra cristandade,

Um homem acima da média

Que levou sua palavra

Onde a dor e a tragédia

Atentava contra o povo,

Mostrava um caminho novo

Sempre com firme estratégia.

Foi Jorge Mario Bergoglio

Nascido na Argentina.

Filho de italianos,

Muito cedo se destina

Levar abrigo e cuidado

A todo desamparado,

Com sua fé genuína.

Lutou nas periferias

Amparando os desvalidos,

Levando o pão e a fé

Aos humildes excluídos

De nossa sociedade,

Com solidariedade

Os pobres foram remidos.

E Jorge ordenado padre

Buscou sublime postura.

Muito culto, estudioso,

Lecionou Literatura.

Formado em Teologia

Ensinou psicologia,

Expondo vasta cultura.

Ascendeu dentro da Igreja,

Subiu altos patamares.

Seus sermões tocavam fundo

Os corações de milhares,

Por sua simplicidade

Era um farol da verdade

Que iluminava os lares.

E como um bom argentino

Em seu gosto musical

Era um amante do tango,

Ritmo belo, especial.

Nas paixões, entra no rol,

Seu gosto por futebol,

Ser torcedor sem igual.

Fez-se um líder respeitado

A serviço do Divino,

Por sua simplicidade,

Ser popular, genuíno.

Pelo bem que semeou

Foi eleito e se tornou

Primeiro papa latino.

Diário do Nordeste

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