Um vídeo publicado no TikTok viralizou nos últimos dias ao mostrar a rotina desafiadora de Rosemberg Costa, 22 anos, estudante do 8º período de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Durante dois meses, a amiga Giselle de Souza gravou discretamente o jovem chegando suado e visivelmente exausto à faculdade. O registro ganhou repercussão ao ser publicado com a legenda:
Passei dias gravando meu amigo que anda 12 km por dia para ir e voltar da faculdade”.
Diante das dificuldades enfrentadas pelo jovem para chegar diariamente à Universidade, amigos realizaram uma vaquinha virtual com objetivo de comprar uma bicicleta para o estudante.
Mobilização para comprar uma bicicleta
O vídeo publicado por Giselle surpreendeu o estudante, que não sabia por que estava sendo filmado. O conteúdo ultrapassou a marca de 11 milhões de curtidas. Ele viu a repercussão crescer rapidamente, com muitos internautas sugerindo uma vaquinha para ajudá-lo. A princípio, ficou relutante, mas decidiu aceitar. A meta era simples: arrecadar R$ 580 para comprar uma bicicleta.
A resposta foi imediata, e o valor foi atingido em pouco tempo. Ao ver que a meta já havia sido ultrapassada, Rosemberg optou por encerrar a campanha. Apesar da exposição, ele diz que passou a enxergar o vídeo com outros olhos após tantas mensagens de apoio.
No começo eu tinha vergonha, chegava suado na faculdade, fiquei com vergonha quando o vídeo foi publicado… Mas depois comecei a ver com orgulho. Mesmo com todas as dificuldades, estou indo, estou estudando. Quero ser um bom profissional e lembrar disso tudo como parte da minha história”, afirmou.
Dificuldades financeiras
A caminhada diária de Rosemberg se tornou parte da rotina depois que ele enfrentou dificuldades financeiras e precisou cortar gastos com transporte. Em entrevista ao Diário do Nordeste, ele explicou que passou a ir a pé para o campus como forma de economizar o valor da passagem para garantir a alimentação do dia.
Não posso me dar o luxo de gastar com transporte, já que posso ir andando”, relatou.
O percurso entre sua casa e a UFPE é de aproximadamente 3 quilômetros, distância que, isoladamente, pode parecer curta, mas que se multiplica no dia a dia. Rosemberg vai às aulas pela manhã, retorna para casa no horário do almoço e volta ao campus à tarde para outras atividades. Ao final do dia, são cerca de 12 quilômetros percorridos sob o sol do Recife.
É bastante exaustivo, porque é no sol. Às vezes volto correndo, com fome. Levo cerca de 20 minutos para chegar”, conta.
Mesmo após mais de um ano nessa rotina, ele afirma que o corpo ainda não se acostumou com o desgaste. Rosemberg tentou acessar auxílios estudantis oferecidos pela universidade, mas ainda não foi contemplado. Sua única fonte de renda recente foi uma monitoria, que já se encerrou.
Por Maria Clarice Sousa