Dietas e alimentação saudável têm sido um dos tópicos mais discutidos na atualidade, em meio a nova onda de cuidados com a saúde e à indústria do bem-estar. Termos de pesquisa com “dieta” somam mais de 14 milhões de publicações no Instagram.
Neste cenário, despontam as dietas restritivas, que, como o nome sugere, consistem em eliminar ou restringir algum alimento ou grupo alimentar. É o caso das dietas low carb (baixo carboidrato, em português).
Com abundância de informações na internet e nas redes sociais, é importante entender que dietas não são “vilãs” da relação com a comida, mas devem ser implementadas mediante avaliação de um profissional da área, como nutricionistas e nutrólogos.
Confira três exemplos de dietas restritivas e quais cuidados ter quando as iniciar.
Quando utilizar as dietas restritivas?
As dietas restritivas costumam apresentar resultados em um curto período, principalmente relacionados à perda de peso. Entretanto, isso não as torna viáveis como primeira opção de tratamento para pacientes que desejam perder peso ou combater doenças.
Nas áreas acadêmica e clínica, há profissionais que não concordam com a forma como essas dietas vêm sendo apresentadas nas redes sociais, parecendo ser hábitos comuns e que podem ser replicados por todos.
A nutricionista Renata Avelar alerta que dietas restritivas não devem ser utilizadas sem prazos de fim e sobre a importância de um acompanhamento profissional.
É uma estratégia com começo, meio e fim. Após uma reeducação alimentar, recalculamos e voltamos a fazer um novo planejamento individualizado, conforme o metabolismo do paciente”, orienta.
Dietas restritivas: conheça três tipos
Dieta cetogênica
Na dieta cetogênica, o indivíduo reduz bastante o nível de carboidratos consumidos, enquanto aumenta a quantidade de gordura.
Trata-se de fazer o corpo trocar a fonte de energia do carboidrato para a gordura e exige um processo de adaptação.
Com a redução desse macronutriente, ocorre uma perda de peso rápida. Porém, é necessário ser muito bem acompanhada pelo nutricionista e por médico, indica Antônio Rangel, nutricionista clínico.
Como funciona a dieta cetogênica?
Você meio que brinca com o metabolismo fazendo essas mudanças”, explica o profissional. A gordura e a proteína passam a ser fontes de energia, ao invés do carboidrato.
“Precisamos ter cuidado porque não é qualquer gordura. Em contraponto, posso desenvolver problemas cardíacos ou elevar os níveis de colesterol”, completa.
O tipo de gordura que deve ser consumida na dieta cetogênica está presente em alimentos como carnes, peixes, frutos-do-mar, ovos e oleaginosas.
Dieta carnívora
Outro regime alimentar considerado restritivo é a dieta carnívora, que concentra os nutrientes em alimentos de origem animal - como carnes, peixes, ovos e, por vezes, manteiga e queijo.
Alimentos de origem vegetal, como frutas, vegetais, grãos, legumes e sementes, são excluídos. Também é considerada uma dieta low carb, e faz o corpo usar proteínas como fonte principal de energia.
Conforme o pesquisador e estudante da Universidade de Harvard, Nick Norwitz, a dieta carnívora tem chamado atenção na mídia.
Existem estudos sobre a dieta carnívora que apresentam resultados impressionantes, mas não são Ensaios Clínicos Randomizados Tipo de experimento científicos onde os participantes são aleatoriamente designados para um grupo que recebe uma intervenção (experimental) ou para um grupo de controle. . Esses ensaios precisam ser completados antes que a Medicina possa recomendar a dieta carnívora”, explica o pesquisador em vídeo publicado em janeiro de 2025.
Nick também explica que a dieta não traz problemas cardíacos ou aumenta sua performance atlética. Ainda, com a orientação correta, o indivíduo não sofrerá déficit vitamínico.
Fazer uma dieta carnívora para propósitos terapêuticos não significa que seja o melhor para todas as pessoas, ou que seja boa para a longevidade”, destaca.
Dieta Detox
Já na dieta detox, o objetivo é “desinchar o corpo” eliminando o excesso de líquido corporal. Além de ser usada para perder peso, algumas pessoas buscam recuperar o organismo após o uso prolongado de medicamentos ou excessos alimentares.
Nessa dieta, o foco está na maior ingestão de frutas, vegetais e leguminosas consideradas antioxidantes. Do contra ponto, retira-se da alimentação alimentos com glúten, lactose e alimentos com agrotóxicos, assim como fast food e produtos industrializados.
Mas a proposta da dieta detox não é encontrada somente na alimentação. Nosso corpo já faz essa desintoxicação em órgãos como o fígado e rins.
Uma dieta detox é praticamente todo líquido, com sucos verdes e chás, sendo que o fígado já faz a desintoxicação do corpo sozinho”, comenta a nutricionista Renata Avelar.
As considerações também são defendidas pela bióloga e divulgadora científica Mari Krüger, que destaca a atenção para produtos que se dizem “detox” em vídeo publicado no seu perfil do Instagram em janeiro de 2025.
A gente pode dar uma ajudinha para que esses órgãos funcionem perfeitamente tomando água e adotando uma dieta equilibrada. Agora entrar ‘na noia’ de que você estar intoxicado e fazer uma semana de dieta de líquidos ou investir em um produto que se propõe a ser detox, não vale a pena”, destaca.
Por que dietas restritivas estão fazendo tanto sucesso?
As dietas restritivas como as apresentadas acima são focadas, principalmente, na redução do consumo de carboidratos, para o corpo considerar outra forma de fonte energética. É justamente essa troca que gera um maior gasto calórico e traz resultados rápidos.
Para Renata, essas dietas sempre voltam - variando seus nomes e alimentos - por este motivo. E acrescenta:
todos querem resultados rápidos: emagrecer para as férias, para o Carnaval; sempre há um motivo para emagrecer”.
Quais os riscos das dietas restritivas?
Como apontado pela profissional, as dietas restritivas costumam chamar a atenção pela rapidez dos resultados. Ainda que o indivíduo esteja se sentindo bem e saudável durante o período de mudança na alimentação, isso não isenta a necessidade de acompanhamento e checagens da saúde, já que também existem riscos.
Ao eliminar um macronutriente, pode ocorrer perda de massa muscular, deficiência nutricional, efeito sanfona, dificuldade ou excesso de sono”, explica Renata Avelar.
É com base nisso que a nutricionista não recomenda a manutenção de dietas restritivas por um longo período.
O Povo