Brasil

O influenciador Luiz Perillo está no centro cirúrgico para um transplante multivisceral

O arquiteto e influenciador Luiz Perillo, de 35 anos, é um dos primeiros brasileiros a passar por um transplante multivisceral (múltiplos órgãos) no Brasil. Ao todo, o paciente deve receber cinco transplantes, com a cirurgia iniciada ontem, terça-feira (23), em São Paulo.

Os desafios de Luiz iniciaram ainda aos seus 20 anos, quando descobriu uma doença chamada trombofilia, que causou uma trombose em sua perna. Após isso, a doença atingiu uma veia importante do sistema digestivo, fazendo com que ele perdesse intestino, estomago, pâncreas, figado e rim.

Apenas no Instagram, Perillo acumula mais de 70 mil seguidores. Na rede social, ele compartilha imagens das consequências da doença e dos tratamentos que fazia, como hemodiálises, nutrição parental e internações. Ao todo, o arquiteto passou quatro anos na fila de espera pelos transplantes.

Primeiramente agradecer a família que autorizou a doação. E a notícia que eles deram para a gente que é um jovem de 21 anos e até o momento os órgãos estão ótimos”, compartilhou Luiz em um stories, no início da tarde desta terça.

O paciente deve passar pelos transplantes de estômago, pâncreas, fígado, intestino e rim. Ainda nos stories do Instagram, após entrar no centro cirúrgico, sua mãe agradeceu a família doadora e afirmou que a cirurgia deve durar em torno de 12 horas.

TRANSPLANTE MULTIVISCERAL NO BRASIL

O Ministério da Saúde incorporou o transplante de intestino delgado e multivisceral ao SUS em fevereiro deste ano. Com a medida, pessoas com falência intestinal ou com outras condições raras relacionadas à insuficiência do intestino e outros órgãos abdominais tiveram acesso gratuito aos procedimentos.

A demanda para incorporação dos dois procedimentos foi do próprio ministério e recomendada pela Conitec. Em 2024, dos 9,4 mil transplantes realizados, apenas dois foram multivisceral.

De acordo com o Ministério da Saúde, esses transplantes são indicados para casos de falência intestinal, quando o intestino não consegue mais digerir ou absorver os nutrientes essenciais para o corpo, além de ser útil no tratamento de tumores abdominais e outras complicações graves. Tais condições raras não tinham tratamento definitivo disponível no Brasil.

Ainda segundo a pasta, estudos mostram que, atualmente, cerca de 15 pacientes por ano precisam desses transplantes. Embora o processo seja complexo e a recuperação longa, ele oferece uma melhora significativa, permitindo uma rotina mais próxima da normalidade.

COMO SER DOADOR DE ÓRGÃOS?

No Brasil, a doação de órgãos e tecidos só é realizada após a autorização familiar, alerta o Ministério da Saúde. É importante que a família seja comunicada que deseja ser um doador de órgãos, para que após a sua morte, os familiares possam autorizar a doação e retirada dos órgãos e tecidos.

Não é preciso registrar a intenção de ser doador em cartórios, nem informar em documentos o desejo de doar, mas sua família precisa saber sobre o seu desejo de se tornar um doador após a morte, para que possa autorizar a efetivação da doação.

Com a autorização, após o diagnóstico de morte encefálica, a família deve ser consultada e orientada sobre o processo de doação de órgãos e tecidos.

Depois da confirmação da morte encefálica a família é entrevistada por uma equipe de profissionais de saúde, para informar sobre o processo de doação e transplantes e solicitar o consentimento para a doação.

Após a manifestação do desejo da família em doar os órgãos do parente, a equipe de saúde realiza outra parte da entrevista, que contempla a investigação do histórico clínico do possível doador.

Diário do Nordeste

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