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A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) começou, na quarta-feira (20), a vacinação contra Covid-19 em crianças imunossuprimidas de 4 anos, após receber a Nota Técnica do Ministério da Saúde com as orientações sobre a imunização. A vacina autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para quem tem a partir de 3 anos de idade é a CoronaVac, que também será usada para todo o público infantil.

A aprovação da Anvisa para o uso da CoronaVac na imunização de crianças com 3 e 4 anos ocorreu no dia 13 de julho, em uma decisão unânime, após a análise de um pedido apresentado pelo Instituto Butantan, em 11 de março, para a liberação da vacina contra a Covid-19 para essa faixa etária. Até esta quarta-feira (20), no entanto, no Distrito Federal ainda não havia um calendário para a aplicação da vacina em todas as crianças.

A Coronavac está autorizada para uso emergencial no Brasil desde o dia 17 de janeiro de 2021, mas foi somente em janeiro de 2022 que a agência regulatória autorizou a ampliação do uso da vacina para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos de idade. O pediatra da rede pública do DF, Henrique Gomes, recomenda que os pais levem as crianças a partir dos 3 anos para que sejam vacinadas assim que possível, para evitar os efeitos adversos que a doença pode causar nesse público.

Leia a entrevista

G1 - Por que vacinar crianças a partir de 3 anos?

Henrique Gomes - O Instituto Butantan já tinha solicitado, desde janeiro, a inclusão da vacinação de crianças a partir de 3 anos, quando liberaram para as crianças de 6 anos, só que a Anvisa, por si, achou que estava com poucos estudos ainda nessa faixa etária, não sentiu segurança nos estudos, e autorizou a partir de 6 anos. Agora, sim, com a apresentação de novos estudos ela foi liberada por demonstrar essa segurança.

G1 - Por que a CoronaVac é a vacina escolhida para crianças de 3 e 4 anos?

Henrique Gomes - Aqui no Brasil é a única que tem autorização, liberada pela Anvisa.

G1 - Por que para crianças a partir de 5 anos a vacina indicada é a Pfizer?

Henrique Gomes - Não só a Pfizer, mas a CoronaVac também é indicada. Só que, naquele momento [do início da campanha para vacinação das crianças], o Ministério da Saúde preferiu optar pela Pfizer. Os estudos mostravam uma resposta boa, acima um pouco da CoronaVac, e tinha Pfizer sobrando. Então, como a compra foi grande, e não teve essa adesão toda da população adulta, tinha muita para a população pediátrica. A CoronaVac pode ser aplicada em crianças maiores também.

G1 - Qual a principal vantagem da Coronavac?

Henrique Gomes - Ela é um tipo de vacina que a gente já trabalha no Brasil há muito tempo. Então, ela tem uma tendência a ter menos efeito colateral do que a Pfizer. Outra vantagem, é que a produção é nacional. A gente consegue produzir uma quantidade boa de vacina pra conseguir cobrir toda a faixa etária pediátrica.

G1 - Qual a porcentagem de eficácia da CoronaVac para crianças de 3 e 4 anos?

Henrique Gomes - Pra internação de casos leves, a eficácia é baixa, é de 40%. Mas a eficácia pra internação de casos graves é de 80%.

"Então, vale a pena vacinar por conta disso, é uma vacina segura e diminui as hospitalizações para essa faixa etária."

G1 - Quais os efeitos adversos da CoronaVac?

Henrique Gomes - Dos efeitos adversos relatados, nenhum é grave. Pra essa faixa etária está sendo aplicada em ampla escala tanto na China quanto no Chile, e nenhum caso grave foi relatado, apenas dor e vermelhidão local. Quando não, efeito com febre, vômito e tosse, mas depois as crianças tiveram boa evolução.

G1 - A dose de CoronaVac para crianças nessa faixa etária é a mesma aplicada em adultos?

Henrique Gomes - Sim, será a mesma de 0,5 ml e o intervalo também será o mesmo, de 28 dias. Os estudos mostram que a eficácia é maior em crianças do que em adultos. Crianças e adolescentes mantêm os anticorpos neutralizantes por níveis maiores e por mais tempo que adultos e idosos.

G1 - Esse público também terá que tomar reforços?

Henrique Gomes - Sim.

G1 - Assim que a vacina estiver liberada, os pais devem levar imediatamente?

Henrique Gomes - Vale a pena levar. No primeiro momento vai ser aplicada de maneira isolada e não com outras vacinas. Temos que antecipar os problemas e lembrar que a Covid só ia atacar mais idosos como população de risco, depois chegaram outras cepas que atingiram adultos jovens, até chegar a pediatria.

"Na pediatria acabou chegando um número elevado de internações, em determinado momento, e e também começou a ter outros efeitos adversos da própria doença em crianças, como evolução com endocardite, com derrame pericardite. Vale a pena vacinar o quanto antes."

G1 - A CoronaVac pode ser tomada junto com outras vacinas, ou o ideal é dar um intervalo entre as doses?

Henrique Gomes - A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) questionou a Anvisa e, por enquanto, a informação é ela que seja tomada de maneira isolada, porque é um vírus inativado. Essa resposta ainda não tem, só o intervalo entre as doses está certo, que é de 28 dias.

 

Por Caroline Cintra, g1 DF

 

 

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