Com a confirmação da morte da jovem Juliana Marins, de 26 anos, após quatro dias de tentativas de resgate no Monte Rinjani, na Indonésia, as causas do falecimento ainda são desconhecidas.
Mas segundo o médico Raphael Tavares Dantas, de 37 anos, alguns quadros podem ter colaborado para o falecimento de Juliana, principalmente os relacionados a privação de água e comida, que somados à dificuldade de resgate em razão do clima, causaram, possivelmente, uma situação de extremo estresse.
Em condições ideais, o corpo pode se regular, como se aquecer, e suportar entre três a cinco dias sem água”, diz o especialista. Segundo ele, outros fatores também incluem as variações de temperatura, como a hipótese de hipotermia, que é um quadro onde a exposição prolongada do corpo ao frio, faz a temperatura corporal cair para abaixo dos 35ºC.
Quadros de hipotermia:
Fase inicial (32°C a 35°C): Tremores intensos para gerar calor, taquicardia, vasoconstrição periférica.
Fase intermediária (28°C a 32°C): Redução dos tremores, bradicardia, diminuição da consciência, confusão mental, arritmias.
Fase grave (<28°C): Parada respiratória, arritmias fatais (principalmente fibrilação ventricular) e morte.
Em situação de não estresse é possível se manter até sem comida de 30 a 40 dias. Mas como ela estava ali involuntariamente, ou seja, não por vontade própria, é possível que ela estivesse sob um estresse prolongado”, afirma Raphael, que também avalia outros fatores relacionados a sangramentos ou fraturas como potencializadores de algo mais grave.
Nesse quadro, o corpo humano acaba liberando mais hormônios de estresse para se manter hidratado, o que pode causar, por exemplo, risco de insuficiência renal, que retém líquido nos rins e a diminuição do volume de urina.
Essa adaptação corporal pela falta de ingestão de comida também resulta diretamente na falta de energia e gera alterações metabólicas no corpo que forçam essa produção, devido ao jejum pela falta de carboidratos no organismo.
O que aconteceu com Juliana Marins
A publicitária Juliana Mirins estava desaparecida desde sexta-feira (20) após cair de um penhasco no Monte Rinjani. Com uma queda de aproximadamente 300 metros de distância da trilha original, com a jovem deslizando desde então.
Juliana então permaneceu sem água, comida ou roupas apropriadas para o frio, e imobilizada à espera de socorro, em meio às tentativas frustradas de resgate atrapalhadas pelas condições climáticas.
A confirmação do falecimento da jovem veio nesta terça-feira (24), em um comunicado da família.
Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu", divulgou a família pelas redes sociais.
Diário do Nordeste