Paraíba

Conhecer o mar era o sonho da socioeducanda M.V., o qual pôde ser realizado graças à sensibilidade e dedicação da equipe da Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente “Alice de Almeida” (Fundac), que acompanhou a jovem no seu primeiro banho de praia. E a ocasião não podia ser mais especial: logo após receber a progressão de medida (liberdade), depois do cumprimento de um ano e meio da sua medida judicial.

 


 
“Estou muito feliz em ver o mar pela primeira vez. É uma sensação inexplicável. Não consigo descrever a emoção que senti”, afirmou a jovem, que conheceu a Ponta do Seixas e a praia da Penha. “Impressionou-se com a beleza e a imensidão do mar, que parecia não ter fim. Onde vai parar? perguntou curiosa. Vai dar na Europa! Arregalou os olhos como se não acreditasse. Percebeu que estava diante do oceano Atlântico e no ponto mais oriental das Américas”, foi assim que a psicóloga Hana Castro, do Centro de Atendimento Socioeducativo Rita Gadelha, descreveu a emoção da socioeducanda M.V. ao ver o mar pela primeira vez.

 


 
No último final de semana, M.V. recebeu progressão de medida (liberdade) e com ela, a realização do sonho de conhecer o mar. Foi uma manhã repleta de sentimentos e realizações, na companhia dos profissionais que a acompanharam durante um ano e meio de internação. “Foi muito importante fechar o ciclo da socioeducanda de uma forma simbólica e esperançosa, num contexto de infinitude e horizonte”, comentou a médica da Fundac, Débora Martins Lacerda de Carvalho, que acompanhou a jovem durante seu primeiro banho de mar

 

 


 
“O mar é terapêutico de amplas maneiras, desde sua ação anti-inflamatória e imunológica até o divertimento e relaxamento. O mantra das ondas, que vão e voltam em movimentos equilibrados, proporcionam a sensação de uma massagem. O mergulho e seu silêncio profundo são potencialmente favoráveis à melhora da propriocepção. É uma volta à paisagem uterina”, explicou a médica.


 
Segundo Waleska Ramalho, presidente da Fundac, oportunizar aos adolescentes a realização de sonhos é construir pontes para um novo projeto de vida. “Temos a certeza que estamos no caminho certo e parabenizamos a equipe da Rita Gadelha pela sensibilidade e dedicação no trabalho. Não poderíamos esquecer do apoio e do trabalho conjunto com a 2ª Vara da Infância e Juventude de João Pessoa”, disse.
 
A juíza da 2ª Vara da Infância e Juventude de João Pessoa, Antonieta Maroja, considera louvável a atitude da equipe da Fundac em realizar o sonho da jovem. “A humanização do processo de responsabilização e ressocialização perpassa pelo fortalecimento de valores como dignidade e cidadania, que através de esforços empáticos para realização segura do sonho de uma educanda, deixa nela marcas indeléveis de exemplo positivo a ser seguido por toda a vida. Ganham a jovem e a sociedade”, afirmou.


 
Para Érica Renata, diretora do Centro de Atendimento Socioeducativo Rita Gadelha, fazer socioeducação é reconstruir sonhos. “Acho que foi isso que conseguimos, junto com a adolescente e toda a equipe. Após um ano e meio, a socioeducanda entendeu que a liberdade era muito mais que uma progressão de medida, era se sentir livre, grande, profunda... assim como o mar!”, comentou.


 
“Foi um momento muito lindo de liberdade e recomeço e fico imensamente feliz de ter podido fazer parte dele de alguma forma. Tenho certeza que reconhecer na adolescente um ser que se reinventou, sonhou e recomeçou, mesmo na privação de liberdade, deixará um ensinamento em todos da equipe”, declarou Érica Renata.

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