Patos

Pouco mais de cinco meses após tentar uma paralisação, os caminhoneiros anunciam greve nacional para o próximo domingo, 25 (na verdade, 00h do dia 26). A categoria cobra várias promessas não cumpridas pelo governo de Jair Bolsonaro, que recebeu votação maciça dos motoristas de caminhão em sua candidatura à presidência. As reivindicações são a redução do preço dos combustíveis, a efetivação do piso mínimo e a liberação de pedágio para veículos sem carga, entre vários outros pontos..

Na última vez em que foi decretada greve, em fevereiro, o movimento não vingou porque entidades de classe próximas ao governo e caminhoneiros simpatizantes de Bolsonaro encararam a proposta como protesto político. A divisão da classe continua, mas a expectativa é que a adesão agora seja maior.

“Temos muitas entidades que na outra oportunidade foram contra a paralisação e dessa vez estão a favor”, diz José Roberto Stringasci, presidente da Associação Nacional do Transporte no Brasil. “Viram que se não fizermos algo a categoria do caminhoneiro autônomo será extinta”.

A representação sindical da classe dos motoristas de caminhão é pulverizada em dezenas de entidades espalhadas pelo país, o que dificulta o prognóstico sobre sucesso ou fracasso da greve. Pelas mensagens em grupos de WhatsApp, que servem como principal meio de mobilização, a estimativa dos organizadores é de que o movimento será grande.

A insatisfação dos caminhoneiros com o governo é crescente. “Tivemos uma reunião no dia 29 com o presidente da Petrobras, general Silva e Luna, para mostrar nossa preocupação com o preço dos combustíveis”, conta Plinio Dias, presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Carga (CNTRC). “Entregamos uma proposta, mas não houve retorno, nem chamado para outra reunião. O que tivemos desde então foi um novo aumento”.

Para Dias, os motoristas já compreenderam que não faz sentido a argumentação do presidente Bolsonaro, que culpa os tributos cobrados por governadores pelos altos preços dos combustíveis. “Quem manda na Petrobras é o presidente, ele pode acabar com o preço de paridade internacional”, argumenta o presidente da CNTRC. “Bolsonaro disse que ia apoiar os caminhoneiros, mas nunca fez nada por nós. Mutos motoristas se arrependem de ter apoiado ele”.

Na contramão dessa mobilização, Junior Almeida, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ourinhos e Região, acredita que a paralisação não vai vingar. “Não há união nem para ajudar um companheiro na estrada, como vão falar em greve?”, criticou ele, em vídeo publicado no Instagram.

Outra frente de divergência são os apoiadores do presidente Bolsonaro infiltrados nos grupos de aplicativos de mensagem dos caminhoneiros. Como em fevereiro, eles espalham mensagens com o objetivo de desencorajar a paralisação.

“A gente está calejado, já sabemos quem está vendido e quem está comprado”, garante Gilson José da Cruz, o Mazzaropy, diretor da Cooperativa de Transportadores Autônomos de Carga do Brasil. “A maior parte da categoria sabe que daquilo que o presidente prometeu ele não fez nada. Tenho colegas que estão com o caminhão parado porque não têm dinheiro para manutenção”.

Fonte: UOL

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