Política

O parlamentar tem ingerido apenas líquidos e está sob monitoramento constante de uma equipe médica

O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) chegou, nesta quarta-feira (16), ao sétimo dia consecutivo de greve de fome. O jejum é uma reação ao avanço do processo que pode culminar na cassação dele na Câmara dos Deputados. Desde que iniciou o protesto, o parlamentar já perdeu 4,6 quilos, segundo informações do g1.

A mobilização teve início no último dia 9, logo após o Conselho de Ética da Casa aprovar, por maioria, o parecer do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomendou a perda de mandato por quebra de decoro. Glauber é acusado de ter agredido, com chutes e empurrões, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) nas dependências da Câmara. A denúncia foi apresentada pelo Partido Novo.

Desde então, o parlamentar permanece acampado em um dos plenários das comissões da Câmara — o mesmo onde foi votado o parecer que pede a cassação. Sem se alimentar há mais de 168 horas, Glauber tem ingerido apenas líquidos como água, isotônicos e água de coco. Ele está sob monitoramento constante de uma equipe médica, que realiza exames duas vezes por dia e administra soro para garantir a hidratação.

O QUE O DEPUTADO DIZ SOBRE A CASSAÇÃO?

Segundo o deputado, o processo disciplinar é uma retaliação política articulada por aliados do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em resposta à atuação combativa de Glauber na Casa.

Ele afirma que o episódio com o militante do MBL foi usado como pretexto para uma manobra política e acusa o relator do processo, Paulo Magalhães, de atuar com parcialidade.

A greve de fome, de acordo com o parlamentar, seguirá até que o plenário principal da Câmara decida sobre o seu futuro político. Cabe ao presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), pautar a votação final que pode selar a cassação.

DEFESA DE GLAUBER BRAGA

A equipe jurídica de Glauber Braga prepara um recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Embora o mérito da decisão do Conselho de Ética não possa ser contestado, a defesa pode apontar vícios processuais e irregularidades na condução do caso.

O prazo para apresentação do recurso é até terça-feira (22). Caso o pedido seja aceito, o processo pode ser suspenso temporariamente.

Há ainda a possibilidade de se levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), embora essa alternativa seja vista como secundária pela equipe do parlamentar. Em novembro de 2024, um pedido semelhante já havia sido negado pelo ministro Nunes Marques, mas com brecha para reavaliação mediante novas evidências.

APOIO POLÍTICO

Enquanto aguarda a definição institucional, o deputado segue em vigília, recebendo apoio de parlamentares, juristas, representantes de movimentos sociais e sua esposa, a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), que tem atuado na linha de frente da mobilização em defesa do mandato de Glauber.

Na tarde de terça-feira (15), o parlamentar recebeu a visita do líder do governo Lula no Senado, o senador como Jaques Wagner (PT-BA), que disse seguir junto com Glauber na "defesa da democracia".

Outros nomes, como o de Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, e Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, também já demonstraram solidariedade à causa do parlamentar.

Ponto do Poder

 

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