Política

Com 278 projetos em tramitação, tema impulsiona criação de comissão especial e reflete avanço de debates sobre saúde mental no País

O Congresso Nacional vive um movimento inédito em torno do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um levantamento da Frente Parlamentar da Saúde Mental, iniciativa do Parlamento Federal para fortalecer as políticas de saúde mental no país, aponta que 278 projetos de lei sobre autismo tramitam atualmente, sendo 22 no Senado e 256 na Câmara. O dado integra o relatório da Frente Parlamentar Mista pela Promoção da Saúde Mental (FPSM), que identificou no autismo uma das pautas mais recorrentes da produção legislativa recente.

É nesse cenário que a Câmara dos Deputados criou a primeira comissão especial dedicada ao tema, iniciativa considerada um marco no debate sobre inclusão. O colegiado, instalado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos/PB), vai analisar o Projeto de Lei 3080/20, de autoria do ex-deputado Alexandre Frota (SP).

A proposta estabelece a Política Nacional para Pessoas com TEA e reúne mais de 50 projetos correlatos, que tratam de saúde, educação, assistência social e inclusão no mercado de trabalho.

O avanço legislativo reflete uma mudança mais ampla na forma como o país tem tratado as políticas de saúde mental e neurodesenvolvimento. Com mais de 2 milhões de brasileiros diagnosticados com TEA, o tema ganhou força nos últimos anos e passou a ocupar espaço de destaque nas discussões do Congresso.

O Censo Demográfico de 2022 trouxe, pela primeira vez, dados oficiais sobre o autismo, revelando um cenário expressivo: no Ceará, são 126,5 mil pessoas diagnosticadas, o equivalente a 1,4% da população, o que coloca o estado com a terceira maior proporção do país.

Hoje, as propostas em tramitação abordam desde o diagnóstico precoce e cobertura pelo SUS, até educação inclusiva, benefícios previdenciários e políticas de empregabilidade.

Paralelamente, assembleias estaduais e câmaras municipais também avançam em iniciativas como salas sensoriais, assentos preferenciais, flexibilização de uniformes e incentivos locais. A concentração de proposições sobre o TEA demonstra o crescimento do interesse político e social pela causa e reforça a necessidade de articulação nacional para transformar leis em políticas efetivas.

Ponto do Poder

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